Quão fundo ainda pretende essa desenfreada agonia passear pelos
azedos caminhos do delírio? E até onde suportará essa ânsia moribunda e
triturada de recomeços? Já queimou e virou cinzas todo volume de esperanças. É
do pó, a urtiga do que virá. Poderiam muito bem sair da minha frente esses selvagens
tapetes de cordas pesadas pra acertarem outra cara. Mas me atravessou rasgando fundo
a carne com aquela frase. No mais áspero desejo de não querer fazer sofrer. Mas
é assim a vida. Comentou o alienado. Adeus agitação. Possível domador de fontes
novas. Quão cansado ainda ficará o relógio? Dilacerante e banal como qualquer
canto que se cante. Nas mãos suadas e bêbadas algumas respostas vacilantes
experimentam recolocar a ordem dos pensamentos. Tem o impacto de uma descarga
elétrica de alta intensidade e de longa distância. Que derruba. Que ofende. Que
entristece. Adeus aquele plano. Adeus aquela idéia. Até talvez mais um domingo.
Fissura desgastada pelo monótono exercício do destino. Um pássaro de asa
quebrada que sabe reconhecer o sublime impulso de um voo saberá num momento
importante voltar a ser valente. Em paz. Sem sofrimento. Para outra vez. Arde na
bunda o peso do coice de um animal ideal. É possível acreditar que conseguirá
recobrar a razão? Jamais. Que apaguem as luzes e se faça silêncio. Esta noite
preciso chorar.
Andy Gercker
17.03.2014
Bairro Peixoto.
RJ
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