Ele
gritava muito alto no meio da noite.
Devia doer aquele coração para gritar tão forte.
Parecia que queimava tudo aquilo que pensava.
Vontade minha de sair na rua.
Levantar
da cama.
Ir
atrás daquela voz.
Mas
medo de um tiro.
De
me intrometer onde não preciso.
Eu
mesmo não mudaria nada.
Só
daria de comer a minha abelhudice.
Sossega
que logo passa.
Volte
com o som da tevê.
Que a noite escorrega como tem que ser.
E
esse grito arde mais.
Espaçados
agora.
Entra
ar naqueles pulmões.
Talvez
estivesse se conformando.
De
repente parou.
E parecia
que ia se aproximando.
Eu
sentado na cama.
Já
tinha ido até a janela.
Algumas vezes.
Ele
não gritava mais.
Quer
dizer.
Não.
Não gritava mais.
Foi
só impressão.
Eu que queria ouvir mais.
O
grito dele me fazia bem.
Aliviava
o meu abafado.
Inesperadamente
um chute na porta.
E deu tempo de perceber que ele era forte.
Andy Gercker
25
junho 2014