21 junho 2009

ERA NOITE QUANDO ELE APARECEU

Era uma noite de carnaval. Ele entre tantos rostos desesperados surgiu bem próximo dela e sorriu. Um daqueles sorrisos largos que só ele era capaz de ter. Ela, quase ingênua retribuiu um tanto tímida o sincero sorriso do belo e alto moço. Permaneceram assim alguns instantes, suspensos, numa alegria futura e indefinida. A musica soava num volume alto pelo salão e as luzes fortes entonteciam os dançarinos solitários. Ela pequena e triste sentia medo. Medo de ser feliz ou medo de mais uma vez correr o risco de desaprender a sorrir. Mas o sorriso daquele moço era tão bonito que as pernas da pobre moça até tremiam. A música invadia o corpo diáfano da moça e o tempo acervava-se perigoso, quando movida por um impulso a moça se aproximou com uma coragem desconhecida e olhou para cima para encontrar os olhos do moço e lhe perguntou: quer dançar comigo? O moço um tanto tímido também, aceitou. Em pouco tempo eles formavam o casal mais feliz de toda a festa. Suas mãos se tocaram e a moça encontrou um jeito de encostar seu coração bem próximo ao peito do homem alto, descansou sua cabeça no ombro daquele que transformaria seus dias e quase dormiu ali. Havia encontrado a moça um repouso para seu aflito coração. Dançavam parados no mesmo lugar. A moça que não queria festa estava sentindo-se plena nos braços calmos e aconchegantes do moço. E o moço parecia feliz. Quando numa surpresa, o moço encarou a moça e seguro disse: você está levando minha paz de espírito, mas mesmo assim me deixa feliz. A moça assustada com tanta possibilidade de felicidade quase não entendeu, sorriu discretamente, baixou os olhos e por pouco não chorou. Ela precisava sair dali, precisava correr e gritar. De medo de alegria de contentamento. O moço apertava suas mãos parecendo dizer alguma coisa como: não fuja de mim, não seja um engano para mim. E ela sem nada dizer apertava tão fortemente as mãos do moço como se entendesse o que ele estava sentindo. Conversavam pouco,  banalidades daquela noite de carnaval na cidade calma e quase deserta. As horas iam passando e o dia vinha chegando de mansinho. O moço disse que precisava partir. Ela não tardaria também naquela festa, não sem ele por perto. Despediram-se carinhosamente entre beijos cheios de excitação. A pista continuava cheia de pessoas indo e vindo em busca de amor ou perversão. E ela agora sozinha ria satisfeita. Reencontrou seus amigos e depois também partiu. Deixando para trás confetes e serpentinas de uma noite que se tornaria inesquecível. Em casa a moça já de banho tomado, jogou-se no sofá de couro vermelho e acendeu o último cigarro daquela noite, ouviu um clássico violino de amor. Sentia-se bela a moça, sentia-se feliz e um tanto atormentada com o inesperado encontro. Apagou as luzes deixando apenas um abajur iluminando a pequena casa, alcançou a manta colorida jogada na poltrona e escondeu seu rosto abafando um grito de alegria. Estava apaixonada a moça e não tinha mais volta. Na ponta dos pés, saltitante até seu quarto procurou descansar um pouco, acomodou-se entre os travesseiros e dormiu.

Andy Gercker

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