16 outubro 2009

É. DECADENTE. ADÍOS

Arrume um jeito de me ajudar. Qualquer coisa. Me traga um livro com uma história bem bonita. Ou me traga flores. Me traga um sorriso. Um perfume ou um olhar. Sei lá, inventa algo. Um disco que ainda eu não tenha. Uma tesoura pra canhotos. Um cartão do oriente. Me traga uma sopa talvez. Tem café? Qualquer coisa. Qualquer coisa que você trouxer eu vou gostar. Uma música pra refrescar minha alma. Um solo de piano. Ou uma voz rouca. Sabonetes também. Refri. É.

Qualquer coisa. Eu já disse. Uma cartilha com informações. Um passo de balé. Chulé?
Dispenso. Talvez você possa cantar? Um lápis. E o que escrever se possa apagar. É.
Traga qualquer coisa. Depois a gente esquece mesmo. Um doce. Em comprimido.
Eu vou gostar. Uma camisa do Che. Um lençol térmico. Ou um abraço. Bom.
Seja Bom. Camarada. Não vai te custar. E vai me ajudar. Chá ou revista.
Algo pro paladar. Traga a Tv a pipoca e o Dvd. Tente me ajudar. É.
Decidido. Você é capaz. O único capaz. Tente rapaz. E depressa.
Senão vou acabar. Depois não se arrependa. Não vá chorar. É.
Me deixa triste. Implorar. Por qualquer coisa. Você parou.
Congelou. Não me ajudou. Ou? Nada. Pena. Adíos. É.
Fique bem aí. Me vendo sumir. Decadente. Adíos.
Que você sofra. Pode enfiar. Não há mais tempo.
Venha me beijar. Desejar sorte. Dizer tchau.
Pena. Eu não tenho mais como esperar.
Tente não esquecer de me cobrir.
Feche a porta depois. A luz.
Apague a luz. E adíos.
Se puder. Se der.
Ligue pro.
Sabe.
Né?


Andy Gercker 16 outubro 2009. (Ctba)

2 comentários:

  1. adorei tudo, andy.
    o estilo, o contexto, a sensibilidade. achei as frases incompletas um luxo *--*
    confesso que li imaginando você interpretando essas linhas e dei risada no 'Chulé?
    Dispenso.'

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