Outro dia já era quase duas da
manha e eu já fritava na cama umas 4 horas... Foi aí que resolvi levantar da
cama, acender um cigarro e ouvir uma musica bem alto, uma musica daquelas que
perfuram, de vozes rasgadas e de melodias ardidas. Foi o que fiz, acendi um
pequeno abajur e sentei-me de cabelos armados e pijama esgarçado ao lado da janela
da sala e ouvia a musica e tragava aquele gosto amargo do cigarro e tentava me
concentrar em qualquer coisa menos dolorida. Quando eu já estava em alfa, em
contato com qualquer mundo gelado e secreto e ausente de som... Explodiu alto
na minha cabeça a maldita campanhia insistentemente, eu fiquei uns instantes
antes de abrir a porta pensando no dedo da pessoa que devia estar cansado de
tanto apertar o maldito botão. Eu, como dedo nessa hora me revoltaria, teria
uma câimbra VOLUNTARIA, onde já se viu... Isso não é respeito ao corpo. Enfim,
abro a porta e vejo a cara amassada de uma pessoa que eu nunca vi na minha
vida. Uma senhora azeda meio verde com cara de puta. Puta de raiva não de
profissão, porque mais parecia mesmo uma carola de alguma congregação de irmãs
católicas espumando palavras do tipo: você tem idéia de hora seja isso? De que
existem pessoas dormindo que trabalharam o dia inteiro e que acordam cedo
porque tem uma família pra sustentar e não que são uns desocupados que não faz
nada o dia inteiro e que por isso acham que tem o direito de ouvir uma musica
como esta, alta desse jeito? Ainda se fosse uma sertaneja. Isso ela aos berros
gesticulando na minha frente e eu ouvia toda essa balburdia, mas era como se eu
não estivesse ali, eu via essa senhora como se fossem projeções de um clipe da
Bjork todo estranho todo colorido, num susto eu voltei à tona quando ela disse
qualquer coisa sobre chamar o sindico ou se ela era a sindica. Eu sou tão
informado do que acontece do lado de fora de minha casa q ainda acho q o Sarney
é presidente do Brasil. Eu olhei profundamente nos olhos daquela senhora e
disse não, hoje não dá. Não posso, eu PRECISO ouvir a musica nessa altura, eu
tenho o direito de sofrer sozinho a minha dor. Com a porra da musica que eu quiser,
e no volume que eu quiser a senhora volte pra sua casa, entupa seus ouvidos com
algodão, olhe pra cara de seu marido turrão e meio bêbado jogado na cama e
proponha qualquer coisa erótica depois suporte aqueles peidos de repolho dele e
durma. E me deixe, eu não tenho família não e também já me conformei com isso,
porra. Eu NÃO tenho o que fazer durante o dia, portanto eu tenho muito pra
pensar durante a noite.
Andy Gercker - alguma noite de 2008... por aí.
Parabéns Andy pelo artista completo que vc é.
ResponderExcluirContinuie sempre assim. Felicidades e sucesso!
Danilo Correia
Amigo... Admiro muito seu trabalho e principalmente você. Te desejo tudo de bom irmão. Abraços
ResponderExcluir